A eco-pintura de Totonho
Ao longo da minha vida ainda não me foi dada a possibilidade de experienciar olhos nos olhos, a beleza sublime da mãe natureza na sua exuberância tropical. Deve ser uma experiência inolvidável. Em contacto com a pintura transbordante de António Araújo Pereira (Totonho) também dificilmente ficamos indiferentes. Um regalo para os olhos, um motivo de preocupação para a mente. Se por um lado se nos revela como um hino e um cântico de louvor às origens matriciais da natureza mãe, por outro lado impõe-se-nos como um pungente grito de alerta face ao desvario, loucura e irracionalidade humana. As suas telas são um exemplo vivo da beleza das matas virgens assim como da deprimente devastação da mata atlântica.
Vivemos num tempo marcado pela destruição acelerada dos ecossistemas e da biodiversidade. A exploração irracional dos recursos naturais, principalmente os mais escassos ou frágeis pode levar à sua degradação ou mesmo ao seu esgotamento, com consequências imprevisíveis. Há quem apelide e bem, esta nova realidade de desequilíbrio crescente gerador de recorrentes irracionalidades, de terrorismo ecológico-ambiental. A natureza que outrora a ciência clássica identificava como uma estrutura de equilíbrio, de ordem, é hoje vista como um sistema dinâmico, aberto, instável e imprevisível. O “efeito borboleta” é o modelo inteligível da nova ciência do “caos determinista”. Nesta fase de transição paradigmática de desequilíbrios acrescidos, não podemos deixar de nos questionar. Precisamos de repensar o mundo, aprendendo a olhar a biodiversidade como subtil harmonia das parte do todo, respeitando o universo tal como ele é: uni/verso, unidade na diversidade. Os recursos naturais, sendo uma componente essencial à actividade económica, são hoje mais do que nunca factores de capital importância e de profundo significado político e humano. No dizer do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, “a única utopia realista é a utopia ecológica e democrática”, a utopia do eco-desenvolvimento, do desenvolvimento sustentado.
Ao questionar-se a ruptura homem/natureza estão criadas as condições de superação da desumanização da natureza e a consequente desnaturalização do homem. Com a emergência da ecologia, a humanidade está vivendo uma verdadeira revolução coperniciana mas agora de sentido contrário. As grandes questões com que hoje nos debatemos recentram-se e ganham sentido ora polarizando-se por um lado em torno do homem e dos seus valores essenciais, ora por outro lado em defesa da natureza na sua visão global.
Tudo isto só foi possível graças ao desafio ecológico levado a cabo por artistas (eco-arte), filósofos (eco-filosofia), políticos (eco-política) e muitos, muitos cientistas de especialidades várias (eco-ciência). Fhilippe Descola, discípulo do antropólogo Claude Lévy-Strauss nomeia este novo olhar de Antropologia da Natureza. O homem não é um ser singular, uma espécie à parte da natureza, dissociado do vasto contexto em que está mergulhado. Como disse Edgar Morin, esse olhar é um paradigma perdido. Passado. Com a nova visão ecológica, o homem deixou de olhar só para si próprio e passou a ocupar-se também dos problemas da natureza ou melhor da inter-relação homem-natureza. Como nos diz o filósofo contemporâneo Alan Watts (1915 – 1973) “o nosso verdadeiro corpo não é só aquilo que está dentro da pele”. Tudo são relações, e nenhum limite é mais do que uma convenção. Como posso eu dizer quem sou, omitindo tudo o resto à minha volta?
Como é fácil de ver, Totonho é um ecologista militante. É um amante e admirador da natureza. A pintura luxuriante de Totonho insere-se neste grande movimento de renascimento da filosofia da natureza fortemente marcada por uma nova ética, uma ética ecológica à maneira de S. Francisco de Assis (1182 – 1226), na transição da Idade Média para o Renascimento.
Ao longo da minha vida ainda não me foi dada a possibilidade de experienciar olhos nos olhos, a beleza sublime da mãe natureza na sua exuberância tropical. Deve ser uma experiência inolvidável. Em contacto com a pintura transbordante de António Araújo Pereira (Totonho) também dificilmente ficamos indiferentes. Um regalo para os olhos, um motivo de preocupação para a mente. Se por um lado se nos revela como um hino e um cântico de louvor às origens matriciais da natureza mãe, por outro lado impõe-se-nos como um pungente grito de alerta face ao desvario, loucura e irracionalidade humana. As suas telas são um exemplo vivo da beleza das matas virgens assim como da deprimente devastação da mata atlântica.
Vivemos num tempo marcado pela destruição acelerada dos ecossistemas e da biodiversidade. A exploração irracional dos recursos naturais, principalmente os mais escassos ou frágeis pode levar à sua degradação ou mesmo ao seu esgotamento, com consequências imprevisíveis. Há quem apelide e bem, esta nova realidade de desequilíbrio crescente gerador de recorrentes irracionalidades, de terrorismo ecológico-ambiental. A natureza que outrora a ciência clássica identificava como uma estrutura de equilíbrio, de ordem, é hoje vista como um sistema dinâmico, aberto, instável e imprevisível. O “efeito borboleta” é o modelo inteligível da nova ciência do “caos determinista”. Nesta fase de transição paradigmática de desequilíbrios acrescidos, não podemos deixar de nos questionar. Precisamos de repensar o mundo, aprendendo a olhar a biodiversidade como subtil harmonia das parte do todo, respeitando o universo tal como ele é: uni/verso, unidade na diversidade. Os recursos naturais, sendo uma componente essencial à actividade económica, são hoje mais do que nunca factores de capital importância e de profundo significado político e humano. No dizer do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, “a única utopia realista é a utopia ecológica e democrática”, a utopia do eco-desenvolvimento, do desenvolvimento sustentado.
Ao questionar-se a ruptura homem/natureza estão criadas as condições de superação da desumanização da natureza e a consequente desnaturalização do homem. Com a emergência da ecologia, a humanidade está vivendo uma verdadeira revolução coperniciana mas agora de sentido contrário. As grandes questões com que hoje nos debatemos recentram-se e ganham sentido ora polarizando-se por um lado em torno do homem e dos seus valores essenciais, ora por outro lado em defesa da natureza na sua visão global.
Tudo isto só foi possível graças ao desafio ecológico levado a cabo por artistas (eco-arte), filósofos (eco-filosofia), políticos (eco-política) e muitos, muitos cientistas de especialidades várias (eco-ciência). Fhilippe Descola, discípulo do antropólogo Claude Lévy-Strauss nomeia este novo olhar de Antropologia da Natureza. O homem não é um ser singular, uma espécie à parte da natureza, dissociado do vasto contexto em que está mergulhado. Como disse Edgar Morin, esse olhar é um paradigma perdido. Passado. Com a nova visão ecológica, o homem deixou de olhar só para si próprio e passou a ocupar-se também dos problemas da natureza ou melhor da inter-relação homem-natureza. Como nos diz o filósofo contemporâneo Alan Watts (1915 – 1973) “o nosso verdadeiro corpo não é só aquilo que está dentro da pele”. Tudo são relações, e nenhum limite é mais do que uma convenção. Como posso eu dizer quem sou, omitindo tudo o resto à minha volta?
Como é fácil de ver, Totonho é um ecologista militante. É um amante e admirador da natureza. A pintura luxuriante de Totonho insere-se neste grande movimento de renascimento da filosofia da natureza fortemente marcada por uma nova ética, uma ética ecológica à maneira de S. Francisco de Assis (1182 – 1226), na transição da Idade Média para o Renascimento.
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