Margens
As pontes atravessam as
correntes. As águas seguem apressadas e descansam na ria. Tudo tem a ver em que
margens os olhares se cruzam.
Perto ou longe, árvores
respiram e as nervuras das folhas contam histórias que mudam todas as estações.
Os seus troncos formam corpos que se debatem, desafiando os ventos.
Nas
expressões diferentes, mas que tal como as pontes nos ligam, registamos em
apontamentos de cor, dentro dos limites das formas, mas que pretendemos que nos
levem a criar outras memórias, como quem faz anotações num bloco de notas para
próximos projetos.
Amarmus é um projecto originado no
trabalho anterior do autor, Etérium, onde Paulo Teixeira Lopes aborda, de forma filosófica e na visão
do mesmo, relacionamentos afectivos e outros e como estes proporcionam evolução
e alteração das condições de vida do ser humano.
É na Arte que o autor se sente à vontade
para explorar questões controversas, abordando temas profundos e que, baseado
na sua própria experiência vivêncial e de observador, de outra forma não passariam
de meras palavras sujeitas a criticas cegas da sociedade. Nas artes plásticas
Paulo Teixeira Lopes, explora através dos ritmos, da cor e da volumetria, técnicas
de comunicação em que alia permanentemente outras áreas que dominem todo o
panorama dos sentidos, recorrendo aos seus convidados que com ele embarcam de
alma e coração nos seus projectos. Amarmus tenta desmontar o sentido do termo ‘amor’,
nas suas vertentes sociais e culturais. Manifestando o objectivo de tocar
profundamente as consciências individuais e colectivas, o artista obriga-nos a
refletir e analisar em pormenor os nossos referenciais de forma a percebermos o
caminho que tomamos e as decisões que nos definem.
É pois Amarmus, algo mais que somente
artes plásticas, é a forma de comunicação abrangente que o meio artístico nos
proporciona, afetando egos e proporcionando, segundo o autor, ‘um maior auto conhecimento
e auto estima através do conhecimento melhorado do EU’. São as artes plásticas
um meio de comunicar não só ideias, mas muito mais, completos estados de espírito
que nos dão a sensação de ficar saciados e completos. Amarmus toca na ferida e
provoca dor, mas num sentido de reconhecimento e cura, na delícia do sentir da
arte de Paulo Teixeira Lopes.
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